quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A vida no interior.


Desde que me conheço por gente, moro em cidade de interior, na verdade morei por algum tempo em Brasília / DF, Anápolis / GO e Cuiabá / MT, mas minhas principais recordações e momentos foram no interior. Atualmente estou morando em Padre Bernardo / GO, a cidade faz parte do entorno de Brasília, com uma população aproximada de 30 mil habitantes. A vida no interior é pacata e tranquila, as pessoas se conhecem e se interagem, há um contato maior entre a população que nas grandes cidades, onde os vizinhos mal se cumprimentam.


Os assuntos e acontecimentos são contados de boca em boca até o último indivíduo, são histórias do cotidiano  (traições, brigas, acidentes, etc), o mais interessante é como a ideia vai se modificando, o povo é muito criativo, cada um inclui algo novo a história. O assunto mais atual, na minha cidade, foi o aparecimento de uma onça em uma obra, a cidade praticamente parou, o assunto correu, até a produção da rede Record foi filmar o bicho acuado. Veja o vídeo abaixo (com entrevista e tudo).


Não posso deixar de falar sobre as pracinhas, toda cidade de interior tem. É o local onde a mulecada se diverte, onde os casais de namorados se encontram e os idosos conversam (a maioria das fofocas iniciam-se aqui). É realmente o ponto de encontro, uma referencia da cidade o cartão postal. Aqui em Padre Bernardo / GO, a nossa praça fica ao lado de um colégio, então a praça fica cheia o tempo todo, além de ser a opção de encontro de grupos religiosos (os jovens), quando a missa ou o culto acaba, eles se dirigem à praça.

A natureza concorre para que o interior seja especial, as paisagens estão presentes em vários anglos e em vários locais. Rios, córregos e cachoeiras enfeitam o ambiente e são pontos turísticos, tanto para visitantes como para os próprios moradores. Nos finais de semana estes locais ficam lotados, é até difícil entrar na água sem esbarrar em alguém.

Eu adoro andar no mato, principalmente na época do pequi, caju silvestre (cajuzinho) e gabiroba, a gente fica entusiasmado ao ver a árvore distante, será que tem muita fruta? Daí ficamos "catando" os frutos despreocupados com o cansaço e dor física (a noite a coisa complica), mas vale a pena, pois é um momento feliz em que o mundo complicado e estressante lá fora desaparece por algumas horas.

As festas no interior são animadas, cada um pega seu par e o forró entra noite a dentro, o detalhe é que o piso geralmente é o próprio chão, assim a poeira sobe e ninguém acha ruim, o povo só quer festar e se divertir. Estão certos, a vida já é tão complicada que devemos ter uma válvula de escape.


Existem também as festas religiosas, precedidas da missa é claro, e depois começa o leilão. A folia é uma espécie de festa religiosa composta de fieis que galopando seus cavalos vão de fazenda em fazenda (previamente escolhidas), recitando e cantando as cantigas tradicionais. E os que não fazem parte dessa romaria, podem ir ao "poso de folia" (pela noite) apreciar a festa e degustar as comidas feitas no fogão a lenha.

Enfim, a vida no interior é bem diferente que na "cidade grande" (falam assim aqui), aqui as pessoas vivem com toda intensidade. Eu poderia escrever um livro e ainda não faltaria temas sobre o assunto. Quem ainda não teve a oportunidade de conhecer estas cidades, deveria aproveitar e se encantar com os costumes e vivência desse povo.

Muitos dizem que não conseguem viver em lugares parados, o problema é que estão tão acostumados à vida agitada, que não concebem algo diferente.

Uma coisa eu posso dizer, morar no interior faz bem a alma.


2 comentários:

  1. caramba é assim msm. Morri de rir.

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  2. Parabéns pelo blog e por esse texto tão legal, caro amigo Rusley. Perfeita descrição da agradabilíssima vida no interior do Brasil, algo que muitos brasileiros, inclusive eu, jamais tiveram o privilégio de experimentar. Um abração

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